Experimentos investigativos nas aulas de química motivam os alunos?

Implementação de experimentos investigativos em sala de aula e sua repercussão na motivação para aprender química

Uma importante pesquisa envolvendo o ensino de química para alunos do Ensino Médio foi realizada pela professora Ana Claudia Kasseboehmer do Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC/USP) e seus alunos, Kenia Naara Parra e Daniele Marcondes Ferreira, doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Química do IQSC/USP. O grupo procurou alguém que pudesse analisar seus dados e foi-lhe indicado o NEA. O projeto foi realizado pelo aluno do Bacharelado em Estatística Vitor Millani Negrao Bonini, que estava a poucos meses de se formar, e supervisionado pelo professor Mário de Castro.

O método investigativo é uma forma não tradicional de ensino que faz com que os alunos participem da aula como investigadores. No Brasil, quando o tópico a ser aprendido envolve ciências naturais, este tipo de aprendizado é raro de ser empregado, pois as escolas não estão preparadas com laboratórios e materiais necessários para as atividades. Há um custo para montar e manter aulas em laboratórios, mas também há um problema dado pelo  baixo interesse dos alunos por seguir em carreiras que envolvam, por exemplo, química. Será que investir neste tipo de aula não seria a solução para isso? Será que as aulas de química não seriam mais interessantes se fosse usado o método investigativo?

Para responder a perguntas como essas, pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC/USP), coordenados pela professora Ana Claudia Kasseboehmer,  fizeram um estudo envolvendo 224 estudantes do ensino médio de escolas públicas e privadas. Foram nove experimentos de química usando experimentos investigativos, com materiais cedidos por um centro de ciências, e um questionário que foi respondido por parte dos alunos que participaram das aulas.

As respostas dos questionários envolveram cinco fatores de interesse (competência percebida, escolha percebida, esforço ou importância, tensão e pressão sentidas pelo aluno). Cada um desses fatores tem sua importância, pois serve para medir a motivação, a internalização do aluno, entre outros fatores que respondem as perguntas inicialmente feitas. A análise estatística se deu predominantemente pelo uso de MANOVA (Análise Multivariada de Variância, em inglês) e testes não paramétricos. Como exemplo de resultado, o estudo mostrou que o desempenho de alunos de escolas públicas e privadas foi semelhante tanto em questões motivacionais quanto na resolução de problemas. Em relação aos seis fatores estudados, todos os dados permitiram concluir que essa abordagem aumenta a motivação intrínseca dos estudantes, promovendo interesse, aumentando o esforço e reconhecendo a importância da atividade. Além disso, o trabalho em grupo favorece o estabelecimento de interações e a satisfação ao perceber que podem fazer pequenas investigações o que contribui para a necessidade psicológica básica de competência.

Proponente: Profa. Ana Claudia Kasseboehmer IQSC/USP

Aprendiz: Vitor Millani Negrao Bonini

Supervisor: Prof. Mário de Castro

Atividade de Extensão (6 horas)

Texto: Juliana Cobre

Imagem: Pixabay