“A minha intenção era criar um documento para organizar as referências que eu estava estudando no meu doutorado em 2016”, conta Thomas Peron, Professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP e pesquisador do CEPID-CeMEAI.
O que ele não sabia era que, em menos de uma década, o trabalho viraria uma das dez publicações científicas na área da Física mais citadas da América Latina. A afirmação está no estudo Scientific production in Latin American physics: a bibliometric analysis, publicado no dia 14 de junho de 2024, que coloca o artigo The Kuramoto Model in Complex Networks, dos autores Francisco Rodrigues (ICMC/USP); Thomas Peron (ICMC/USP); Peng Ji (Fudan University) e Jürgen Kurths (Potsdam Institut), no 10º lugar entre todos os artigos publicados em Física entre 2013 e 2022, por cientistas latino-americanos. A pesquisa traz uma análise bibliométrica de autores, periódicos, instituições de pesquisa, países e palavras-chave encontradas em 27.750 documentos da Web of Science.
Além de descobrir quais são os artigos e autores mais lidos e citados na América Latina, essa pesquisa mostrou que nos últimos dez anos houve números crescentes na investigação científica, produção e que os autores mais destacados da região são principalmente do Brasil, México, Argentina, Chile e Colômbia, sendo os Estados Unidos o país não latino-americano envolvido no maior número de colaborações. O Brasil é o país mais produtivo da região e as áreas que mais interessam são Óptica, Ciência dos Materiais, Física Aplicada, Nanotecnologia e Físico-química.
Por que o Modelo Kuramoto em Redes Complexas é tão citado?
Thomas conta que esse trabalho teve origem em 2013, quando iniciou seu doutorado na área de dinâmica de osciladores em redes complexas. “Na época, essa já era uma área bastante ativa no grande campo de Redes Complexas, e por essa razão senti a necessidade de organizar os artigos para auxiliar na minha tese. O Francisco Rodrigues, meu orientador na época, propôs transformar esse meu estudo em um artigo e publicá-lo. Para a nossa surpresa, em janeiro de 2016, o nosso artigo já estava no periódico Physics Reports, da ELSEVIER, e o que esse recente estudo bibliográfico nos mostra é que se transformou em uma importante ferramenta não apenas para o meu doutorado, mas também para muitos outros acadêmicos que também estudam sistemas complexos, desde sistemas sociais e físicos até sistemas biológicos e tecnológicos”, disse.
“Descobrimos muitos tópicos relevantes, que abrangem uma descrição das abordagens analíticas mais utilizadas e a análise de diversos resultados numéricos. Além disso, discutimos desenvolvimentos recentes sobre variações do modelo de Kuramoto em redes, incluindo a presença de ruído e inércia. O rico potencial para aplicações é discutido em campos especiais de engenharia, neurociência, física e ciências da Terra. Também discutimos neste trabalho problemas que permaneciam em aberto desde antes de 2016 e que foram matéria de intensa pesquisa sobre o modelo de Kuramoto. E, por fim, apontamos algumas direções promissoras para pesquisas futuras”, explicou Thomas.
Francisco Rodrigues é o autor principal desse trabalho e comentou o fato de aparecer entre os dez mais citados. “Eu fiquei surpreso, pois dentre quase 28 mil artigos, o nosso ser o 10o é algo impressionante. Isso mostra vários pontos, como a importância do estudo de sistemas complexos, a excelência da USP, do ICMC e do CEMEAI. Ainda indica que estamos no caminho certo e no estado da arte do conhecimento, contribuindo para o conhecimento científico em escala global”, finalizou.
Sobre o CeMEAI
O CeMEAI, com sede no ICMC da USP, em São Carlos, é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) financiados pela FAPESP.
O CeMEAI é estruturado para promover o uso de ciências matemáticas como um recurso industrial em quatro áreas básicas: Otimização Aplicada e Pesquisa Operacional, Mecânica de Fluidos Computacional, Modelagem de Risco, Inteligência Computacional e Engenharia de Software.
Além do ICMC-USP, CCET-UFSCar, IMECC-Unicamp, IBILCE-UNESP, FCT-UNESP, IAE e IME-USP compõem o CeMEAI como instituições associadas.
Raquel Vieira – Assessoria de Comunicação
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