Nesta semana, o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, foi o centro das atenções em um evento voltado para as áreas de modelagem de epidemias e sistemas dinâmicos. O Auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano recebeu um workshop de Redes Complexas e Ciência de Dados nos dias 21 e 22.
O evento teve apoio do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Dois pesquisadores do CeMEAI e do ICMC foram os organizadores do workshop: Francisco Rodrigues e Thomas Peron. O auditório do ICMC reuniu cerca de 50 participantes para palestras importantíssimas relacionadas a modelos matemáticos fundamentais na época da pandemia de COVID-19 e no controle de outras doenças, como dengue, zika e tuberculose.
Um dos principais convidados do ICMC foi Yamir Moreno, Professor de Física Teórica e Diretor do Instituto de Biocomputação e Física de Sistemas Complexos na Universidade de Zaragoza, na Espanha. A intenção da organização foi debater o processo dinâmico na área de Sistemas Complexos, que envolve uma vasta gama de ferramentas, desde de Matemática Aplicada a Estatística.
INICIATIVA APROVADA
Nos dois dias de evento, a aplicação mais comum foi na propagação e predição de epidemias, baseadas nos modelos matemáticos discutidos por Moreno e os demais convidados. Só que o ICMC também deu espaço a outras aplicações presentes no dia a dia da população, como modelos aplicáveis à estabilidade de redes de distribuição de energia.
Para Thomas Peron, o sucesso da proposta do workshop é fundamental para fazer do CeMEAI, sediado no ICMC, a casa para eventos futuros da mesma área.
“Para o CeMEAI, é fantástico, pois dá mais notoriedade na área de Sistemas Complexos. O evento trouxe um momento de reunião e discussão por pessoas importantes da área. Ter um evento como o workshop nos torna a casa desses eventos. E para o âmbito científico, a gente discute modelos muito importantes na época da pandemia e tem a chance de trazer nomes célebres da área como o Moreno e todos esses palestrantes”, avalia o expert na área de Física Computacional do ICMC.
Quem também aproveitou bastante os dois dias de workshop foi Ricardo Tetti Camacho, aluno de Mestrado em Ciência da Computação e Matemática Computacional do ICMC. Ele faz parte de um dos grupos direcionados em epidemias, comandado pelo Professor Francisco Rodrigues, e crê que uma das principais responsabilidades é se manter atualizado sobre as novas tendências na área.
“Tivemos bastante coisa nova no evento. Trabalhos bem legais. Já tinha visto vários trabalhos apresentados. É uma área que me interessa muito, então não há problema em ouvir mais uma vez as palestras. Tem que se atualizar frequentemente do assunto no sentido de saber o que está acontecendo, pois é uma área em alta. Há muitas coisas da Matemática que são usadas”, explica Camacho.
Na Universidade de Zaragoza, Moreno criou e comanda o Laboratório de Sistemas e Redes Complexas desde 2003. Para o mestrando, ter a oportunidade de trocar experiências e dicas com o cientista, um dos mais célebres pesquisadores do tema em âmbito mundial, é gratificante.
“O Professor Moreno é realmente um diferencial na área, por isso foi muito importante ele estar presente aqui no evento. É muito legal ter a oportunidade de assistir a uma palestra dele, conversar com ele, porque ele tem ideias novas e vários insights do que podemos fazer. E temos, assim, a chance de compartilhar nosso trabalho com ele e receber suas dicas de como podemos complementá-lo”, completa o aluno.
CONTRIBUIÇÕES COM O ICMC
Nome mais esperado do workshop, o cientista cubano Yamir Moreno revelou uma parceria com o Professor Francisco Rodrigues e o ICMC de, pelo menos, oito anos. Durante o período, o grupo trabalhou incessantemente no tópico de Redes e Sistemas Complexos com o objetivo de representar fielmente o que está acontecendo em vários níveis da sociedade, na natureza e em sistemas biológicos.
“A ideia no evento foi tentar aperfeiçoar os modelos matemáticos da próxima geração que vão permitir estudar e fazer um modelo mais apurado em Sistemas Complexos. São ferramentas que possibilitam estudar desafios para nós, como mudanças climáticas ou propagação de doenças entre as pessoas. Isso implica em estudar o comportamento coletivo de comunidades e os rumores se espalhando sobre as doenças para tentar entender como as notícias falsas se propagam. Como podemos desenvolver medidas para nos prepararmos para a próxima pandemia e outras doenças”, explica Moreno.
Segundo o pesquisador, que foi Presidente da Sociedade de Sistemas Complexos (CSS, sigla em inglês) de 2015 a 2018, as ferramentas desenvolvidas permitem estudar fenômenos de diversos ramos através de modelos matemáticos aperfeiçoados também por processos de Inteligência Artificial.
Por isso, Moreno aprovou a iniciativa do CeMEAI e ICMC e projeta a continuidade da parceria no futuro.
“Aqui, no workshop, eu tenho a oportunidade de aprender o que estão fazendo, o que é realmente muito interessante e complementa com o que estamos trabalhando. Nós planejamos desenvolver novos projetos juntos, interagir com estudantes, promover visitas e encontros entre pesquisadores, o que é sempre muito bem-vindo, porque isso permite você aprender com outros especialistas e não se fechar em uma bolha”, conclui o pesquisador.
Sobre o CeMEAI
O CeMEAI, com sede no ICMC da USP, em São Carlos, é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) financiados pela FAPESP.
O CeMEAI é estruturado para promover o uso de ciências matemáticas como um recurso industrial em quatro áreas básicas: Otimização Aplicada e Pesquisa Operacional, Mecânica de Fluidos Computacional, Modelagem de Risco, Inteligência Computacional e Engenharia de Software.
Além do ICMC-USP, CCET-UFSCar, IMECC-Unicamp, IBILCE-UNESP, FCT-UNESP, IAE e IME-USP compõem o CeMEAI como instituições associadas.
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