CeMEAI

Workshop reúne especialistas em Mecânica dos Fluidos e celebra integração entre universidade e mercado de trabalho

Evento foi realizado nos dias 30 e 31 de maio na USP, em São Carlos, e recebeu profissionais da Embraer, Wikki Brasil, Petrobras e referências do exterior na área

O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP em São Carlos foi palco de um evento importantíssimo para a área de Mecânica dos Fluidos. Nos dias 30 e 31 de maio, pesquisadores do mercado e da academia protagonizaram a realização do workshop intitulado “Escoamentos Complexos Aplicados à Indústria”, onde tiveram a oportunidade de apresentar projetos de ponta voltados para suas áreas específicas de trabalho. 

O evento foi totalmente gratuito e recebeu apoio do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CEPID-CeMEAI) e da empresa Wikki Brasil, startup referência de consultoria em engenharia no país. Gabriel Magalhães, um dos vários palestrantes ao longo do workshop, aprovou a ideia da troca de experiências entre empresas de tecnologia no setor e os pesquisadores e profissionais de estudo na universidade. 

“A Wikki sempre teve uma proximidade muito grande com a universidade. Nossos times contam com a presença de alunos com doutorado, com pós-doutorado e pessoas com formação extensa na academia. Então, o workshop é uma forma da gente se conectar ainda mais à academia, dentro da nossa cultura e também de conhecer novos pesquisadores que, às vezes, a gente não tem tanto contato ali no dia a dia, principalmente no contexto de pós-pandemia. Reunir esse pessoal para trocar ideias e atualizar linhas de pesquisa é uma das coisas em que a Wikki acredita”, declarou o líder do Núcleo de Desenvolvimento de Software da startup brasileira.

Gabriel Magalhães, da Wikki Brasil, celebrou a união entre academia e mercado

Outra empresa que deixou sua marca no evento foi a Petrobras. Consultor Técnico em Rocha Digital da estatal, Rodrigo Surmas salientou o compromisso da empresa brasileira com a formação acadêmica. 

“A Petrobras está acostumada a trabalhar em conjunto com a universidade desde soluções que têm uma maturidade técnica e comercial menor até coisas que a gente vai aplicar no dia a dia. Eu vejo a universidade em lugares onde as opções técnicas não estão nada prontas, a comercial não existe, às vezes a gente não está nem pensando. Existe um nicho para isso, quando a maturidade técnica e comercial vão aumentando um pouco, vão se complementando e dialogando com outros jeitos de fazer pesquisa. Por exemplo, a Wikki Brasil, com quem eu trabalho muito, está aqui também. A universidade começa, a Wikki entrega, e a universidade conversa com a Wikki e a Petrobras. Acho que esse ciclo todo é importante”, avaliou Surmas, que participou de uma mesa redonda e de outra palestra individual no workshop.

Rodrigo Surmas, da Petrobras, falou sobre Aplicações em Rocha Digital

Docente da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Jonas Laerte Ansoni aprovou a iniciativa da Wikki Brasil e da Petrobras de maneira a fornecer mais lastro a estudantes em formação. Ter contato com pesquisas de pontas de empresas de tal magnitude é uma verdadeira lição na prática de como se desenvolver para o mercado de trabalho. 

“É um evento muito importante. A gente percebe que o pessoal já tem as equipes mas as aplicações no dia a dia, toda a parte de polímeros, de plásticos, desde um copo plástico, de um recipiente, envolve todo o processo de escoamento complexo que a gente usa no cotidiano que nem imagina que acontece dessa forma. Isso realmente é do que a gente está precisando. Ver essa união do que está sendo desenvolvido na academia e do que pode ser aplicado na indústria são situações que estão faltando muito aqui no Brasil”, analisou Ansoni. 

Jonas Ansoni destacou a área de simulação de fluxo de fluido em meios porosos complexos gerados artificialmente

A Embraer também foi outro gigante conglomerado do Brasil a marcar sua influência no workshop em São Carlos. Engenheiro de Desenvolvimento de Produto, Breno Moura Castro tratou de aprovar a iniciativa, já que muitos dos projetos embrionários da empresa surgem em eventos como o da USP. 

“Nós temos a necessidade de desenvolver ideias novas, de trazer inovações para os nossos produtos e a universidade e o meio acadêmico é sempre uma fonte muito interessante de propostas inovadoras. Então tomarmos conhecimento dessas coisas é extremamente interessante para a Embraer. A qualidade das apresentações é importante, porque o produto aeronáutico precisa de desenvolvimento, precisa de otimização. Então, quanto mais precisa a metodologia que vai ser aplicada no desenvolvimento desse produto, mais interessante é a performance, a atratividade desse produto para o cliente. Então, ouvir autoridades com muito conhecimento sempre traz condições para o desenvolvimento de produtos mais competitivos”, destacou Castro.

Breno Castro apresentou desafios presentes e futuros associados à aerodinâmica computacional para a Embraer

Professor de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Norberto Mangiavacchi apresentou sua palestra no segundo dia com o tema “Modelagem de escoamentos turbulentos particulados”. Para o pesquisador, a proposta do evento foi tão satisfatória que precisa ser realizada novamente em 2024. 

“Esse evento é essencial. Tem que se repetir, como a gente espera que tenha uma regularidade. Os temas foram muito interessantes do ponto de vista de aplicações. O nível de maturidade dos grupos que apresentaram foi muito elevado. Nós já vimos muitas interações com a indústria em plena atividade. Eu encontrei muitos projetos desenvolvidos há anos, então não é uma atividade incipiente. É uma atividade que já está revelando maturidade e os resultados são bem palpáveis. É muito importante que isso cresça. Vejo que ainda a gente só está vendo como se fosse a ponta do iceberg, vai ter muito por se fazer”, opinou o Ph.D. em Engenharia Mecânica e Computação Científica pela Universidade de Michigan, nos EUA. 

Norberto Mangiavacchi representou a UERJ no evento

Docente da Universidade Federal do Pará (UFPA), Manoel Silvino Batalha de Araújo se sentiu prestigiado com o convite do CeMEAI para acadêmicos da região norte. Para ele, isso representa o reconhecimento das instituições em desenvolver tecnologias de ponta para áreas vitais na economia do Brasil. 

“Achei muito importante convidar professores da região amazônica, pois temos feito um esforço muito grande no departamento da nossa Faculdade de Matemática, de socializar trabalhos com outros colegas, da Engenharia Mecânica, da Engenharia de Petróleo para tentar aproximar mais a nossa pesquisa da indústria. Na nossa região, temos a Indústria do Petróleo a qual está se instalando, mas nós ainda temos um parque industrial menor em comparação com São Paulo. Então, o desafio é tentar captar esses recursos humanos que a universidade tem para fazer essa aproximação com a indústria localmente e, assim, tentar dar um salto de qualidade no desenvolvimento regional no que diz respeito à pesquisa científica junto com a indústria”, destacou Araújo.

Manoel Silvino de Araújo destacou a abrangência do evento

Pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, Tito José Bonagamba também exaltou a comunicação do setor da indústria com a área acadêmica dos vários centros de pesquisa da universidade. Segundo o palestrante, essa é a chave para criar melhores condições de inovação para as empresas e fábricas do mercado de trabalho. 

“O Brasil não atingirá o estágio de desenvolvimento esperado se a universidade que tem pesquisa, primeiro ensino, formação de pessoas, pesquisa e desenvolvimento e inovação, não se comunicar com as empresas que têm um caminho diferente. Eles têm uma visão de desenvolvimento e inovação e na USP, uma universidade com o DNA acadêmico de maneira a integrar com o DNA da indústria, não há como ter uma perspectiva melhor. É um ambiente onde os acadêmicos já vivem com esse lado, como, por exemplo, o CEPID-CeMEAI e o Instituto de Física. O nosso papel mais importante é manter esse tipo de conversa universidade-indústria naqueles ambientes onde professores e alunos, componentes da matéria-prima que gera o conhecimento na universidade, conheçam que o nosso papel é interagir com a sociedade, desenvolver a indústria, gerando riqueza e conhecimento para todos”, reforçou o também Coordenador do InovaUSP – complexo de São Carlos.

Tito Bonagamba também salientou a importância de aproximar universidades e indústria

E para quem crê que o workshop limitou-se a uma influência regional na área de Engenharia, se engana. Professor associado na Universidade do Minho, na cidade portuguesa de Braga, Miguel Nóbrega se impressionou com a ligação dos setores acadêmicos com a tecnologia de ponta de várias empresas participantes do evento. 

“O fato de termos aqui pessoas de diferentes universidades do Brasil é muito importante. Confesso que, do que tenho ouvido, a ligação está muito mais solidificada do que tinha impressão. Parece-me que todos os mecanismos estão criados, há várias entidades já muito envolvidas nesta ligação entre universidade e indústria e já há os mecanismos definidos. Temos visto trabalhos muitos exemplos de aplicações diretas, resolução de problemas que terão impacto direto no cidadão comum, naquilo que o cidadão comum faz, no dia a dia do cidadão comum. Isso está bem claro”, avaliou o palestrante.

Miguel Nóbrega elogiou o estágio de interação e aplicação do conhecimento no Brasil

Professor do ICMC e pesquisador do CeMEAI, Antonio Castelo Filho foi o coordenador das atividades e fez questão de destacar o êxito do workshop. “O evento foi um grande sucesso. Fomos agraciados com palestras e apresentações de alto nível, proferidas por especialistas renomados em seus respectivos campos. O workshop também se destacou por sua relevância prática. As soluções apresentadas e as discussões realizadas foram diretamente aplicáveis aos desafios enfrentados pelas indústrias. Espero que todos tenham aproveitado essa oportunidade de aprendizado, networking e colaboração, e que as conexões estabelecidas aqui continuem a prosperar no futuro”, resumiu.

Além dele, participaram do workshop os pesquisadores do CeMEAI Leandro Souza, Maicon Correa, João Azevedo, Francisco Louzada e Fabrício Simeoni, além de André de Carvalho, que também é Diretor do ICMC.

Coordenador do evento, Antonio Castelo comemorou os resultados obtidos
Sobre o CeMEAI

O Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), com sede no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) financiados pela FAPESP.

O CeMEAI é estruturado para promover o uso de ciências matemáticas como um recurso industrial em quatro áreas básicas: Otimização Aplicada e Pesquisa Operacional, Mecânica de Fluidos Computacional, Modelagem de Risco, Inteligência Computacional e Engenharia de Software.

Assessoria de Comunicação do CeMEAI

Mais informações

Assessoria de Comunicação do CeMEAI: (16) 3373-6609

E-mail: contatocemeai@icmc.usp.br

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